sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Tony Gel: "Lyra era uma pessoa que respirava política 24 horas"
“Eu convivi pouco tempo com Fernando Lyra no Congresso, mas nesse período entendi que se tratava de uma pessoa muito bem relacionada e que respirava política 24 horas por dia. Uma das suas grandes qualidades era não alimentar ódios e mágoas. Ele se relacionava bem até com os mais ferrenhos adversários.

Além de ser uma mente política ativa e com muita perspicácia. Tive a oportunidade de votar em Fernando Lyra para Ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), mesmo sendo seu adversário político. Caruaru, Pernambuco e o Brasil perdem um grande político”.
 Escrito por Magno Martins, às 14h45


Armando Monteiro Filho exalta trajetória de Lyra
O ex-ministro Armando Monteiro Filho e o senador Armando Monteiro Neto chegaram, há pouco, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) para prestar o último adeus ao companheiro Fernando Lyra.
“Lyra foi uma referência na política de Pernambuco e do país. Coragem, coerência e determinação são atributos entre os muitos que Lyra possuía. Se o Brasil vive hoje na condição de absoluto respeito, existe uma parcela importante empenhada por Fernando. Ele vai fazer falta. É um amigo que deixa exemplo digno a ser seguido e imitado”, disse Armando Monteiro Filho.
 Escrito por Magno Martins, às 14h20





Gonzaga Patriota: "Lyra deixa um inestimável legado"
"Depois de acompanhar a trajetória do destemido político e grande homem público pernambucano Fernando Lyra, tive a honra de ser seu colega e liderado, na Assembleia Nacional Constituinte, onde pude confirmar suas benéficas e corajosas ações, pela redemocratização do país.

No combate a ditadura, Fernando Lyra, junto aos saudosos homens públicos pernambucanos, Marcos Freire, Mansueto de Lavor, Egídio Ferreira Lima, Byron Sarinho, Cristina Tavares, dentre muitos outros, ajudou a criar o histórico e inesquecível partido político MDB – Movimento Democrático Brasileiro e, por esse partido, foi deputado federal por sete mandatos.

Como deputado autêntico e na luta contra a Ditadura Militar, se juntou a outros grandes políticos, como Tancredo Neves, Mário Covas, Ulisses Guimarães, Miguel Arraes, Alencar Furtado, Alceu Colares, dentre outros e, levaram a sociedade brasileira, campanhas vitoriosas como A REDEMOCRATIZAÇÃO BRASILEIRA; DE VOLTA OS EXILADOS e DIRTAS JÁ, que resgataram os brasileiros da escuridão e conquistaram a NOVA REPÚBLICA, que revigora, até hoje, o nosso querido Brasil.

Fernando Lyra, irônico ou bem humorado, sempre foi respeitado no mundo político, partiu hoje, deixando a todos os brasileiros, um inestimável legado.

Com muito pesar, deixo aos seus familiares, os meus sinceros votos de pesar e solidariedade."
 Escrito por Magno Martins, às 12h30

blog do magno martins

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opinião

Fernando Lyra, o pauteiro

POSTADO ÀS 12:15 EM 15 DE FEVEREIRO DE 2013
Por Fernando Castilho, do JC Negócios, especial para o Blog de Jamildo

Fernando Lyra era viciado em mídia. Não era só em jornal impresso ou em rádio, cuja voz potente levantava a entrevista. Nem em televisão, cuja habilidade de expressar-se em frases curtas e pensamento lógico o faziam um bom entrevistado. Nem na Internet onde logo que a web virou plataforma, ele soube usar e até se aproveitar para ancorar sua enorme base de informação política. Lyra era viciado em mídia porque a pautava.

Isso mesmo: Fernando Lyra organizava a conversa, mostrava o cenário global do fato e induzia a matéria nova. Tinha a capacidade de mostrar isso na conversa embasada com uma tese bem defendida.

Quem já foi ou é repórter de política sabe bem o que isso quer dizer. E por isso Lyra era figurinha carimbada em todos os colunistas e repórteres da área no Brasil inteiro para assuntar. Você ligava para ele e com cinco minutos de conversa tinha o horizonte, o quadro geral. Lyra tinha a capacidade de cheirar o amanhã político.

A diferença é que ele sabia usar isso. Muita gente desenvolveu pauta de sucesso na editoria de política depois de conversar com Fernando Lyra. Gente que assina coluna e matéria especial em jornal nacional, e com ele tinha alguma intimidade, sabe o que era Lyra para dizer que o foco era esse ou aquele. Isso só servia para a imprensa? Não, serviu para a Democracia que ele, com sua voz e sua capacidade de articulação, ajudou a consolidar.

Tancredo Neves soube melhor do que ninguém reconhecer e usar essa capacidade de Fernando. Miguel Arraes e Leonel Brizola, idem. Quando a Ditadura mandava e calava no Brasil, o vozeirão de Fernando Lyra protestava na rua e nos microfones do Congresso. Mas, acima de tudo, ajudava a costurar a redemocratização nos bastidores. O vozeirão virava conversa mansa, quase inaudível.

A imprensa deve muito a Fernando Lyra pelas pautas que ele lhe deu. Pelos cenários e horizontes que traçou e por onde os nossos melhores repórteres foram construir a história da resistência. Como dizia Antônio Britto, figurinha carimbada na lista de ouvintes de Fernando, "uma conversa com o "ministro" sempre dava um bom lead" porque ele apontava ao repórter o contexto".

Fernando Lyra era um desses personagens que tinha tanta história para contar que quando não nos dava o prazer da presença física numa mesa, o circulo inteiro parava para contar seus "causos". E nesse momento, a gente via porque ele sempre era personagem. Porque, dos brasileiros que viveram a redemocratização, ele certamente foi um dos principais pela capacidade que tinha de aglutinar, de juntar e articular e de... Resistir.

O Congresso Nacional, é verdade, ajudava, pois naqueles tempos era outro. Tinha um perfil de muito melhor qualidade do que a "ninguenzada" que está lá hoje. Tinha um nível que 90% dos que estão lá hoje não teriam, sequer, condições de frequentar o plenário. Nessa época, Pernambuco tinha mais de 10 dos 70 melhores parlamentares do Congresso com gente como Miguel Arraes, Roberto Freire, Marcos Freire, Cristina Tavares de Melo, Thales Ramalho e Maurilio Ferreira Lima e Egídio Ferreira Lima, só para citar os que me vem à lembrança da esquerda.

Assim como do outro lado, estavam Marco Maciel, Ricardo Fiuza, José Mendonça e Inocêncio Oliveira. Ou seja, Lyra estava sempre no time dos melhores. Não entra nessa lista os de fora como Leonel Brizola, de quem Lyra foi vice-candidato à presidente da Republica, Alencar Furtado, Pedro Simon, Paulo Brossard, Mário Covas e vai por ai. Portanto, Lyra estava no time principal e por isso ele sempre tinha uma nova história para contar a qualquer jornalista.

Isso permitiu que na mídia nacional, Fernando fosse uma das pessoas com maior acesso entre os jornalistas. Claro, que o observador atento e o crítico cortante também sabiam se beneficiar disso para inflar balões e construir notícia a favor das teses que defendia e personagens em quem apostava.

No passado, Marcos Freyre (já falecido) e Jarbas Vasconcelos. No presente, Aécio Neves e Eduardo Campos souberam muito bem o que era ter um Fernando Lyra telefonando para um repórter ou colunista e "fazer a cabeça" dele sobre os novos quadros. Gerava o que chamamos de mídia a favor. Dentro do Congresso, Lyra era fonte tanto do on como do off. Empinava candidaturas ou destruía com força às teses da direita quando apresentada no plenário.

Talvez, por isso, a imprensa tenha tanto respeito por esse pauteiro. Talvez, por isso, nós jornalistas que o chamávamos de "Ministro" nos sintamos tão órfãos. Talvez, por isso, é que, já agora, a ausência de Fernando Lyra nos dê uma saudade danada...
 
Postado por Jamildo Melo
blog do jamildo
http://jc3.uol.com.br/blogs/blogjamildo/pagina.php?pag=2

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